NOTÍCIAS
21 DE NOVEMBRO DE 2023
4ª Jornada de Leitura no Cárcere começa quarta (22/11) com transmissão aberta ao público
Depois de reunir milhares de participantes nas últimas três edições, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Observatório do Livro e da Leitura realizam a 4ª Jornada de Leitura no Cárcere, de 22 a 24 de novembro de 2023, das 14h às 16h30, com transmissão ao vivo pelo canal do CNJ no YouTube. O tema deste ano é “Porque a leitura abre portas”, com participação gratuita e aberta ao público e emissão de certificado.
O objetivo da Jornada, que será transmitida em unidades prisionais pelo país, é despertar o interesse e fortalecer o acesso à leitura para pessoas privadas de liberdade, destacando o potencial transformador dos livros na redução de pena e a importância da educação para a reintegração social. A Resolução n. CNJ 391/2021, que trata da remição de pena por meio de práticas sociais educativas, será tema central das discussões.
“Em 2019, a taxa de pessoas com acesso à remição de pena pela leitura era de apenas 3,5%. Esse percentual aumentou para 6,8% em 2021 e chega hoje aos 31,5% do total das pessoas privadas de liberdade. Esses dados mostram o acerto do trabalho feito pelo CNJ nos últimos anos de forma alinhada com potencialidades identificadas para qualificação da execução penal”, aponta o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ), Luís Lanfredi. “Eventos como a Jornada de Leitura no Cárcere reforçam a prioridade desta pauta enquanto política judiciária”.
O evento integra as atividades do programa Fazendo Justiça, coordenado pelo CNJ com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento para acelerar transformações no campo da privação de liberdade. Desde 2019, o programa trabalha ações para fortalecer a leitura nos ambientes de privação de liberdade e recentemente lançou um Censo e um Plano Nacional de Fomento à Leitura nos Ambientes Prisionais. As atividades são trabalhadas de forma alinhada a ações desenvolvidas pela Secretaria Nacional de Políticas Penais.
Juiz auxiliar da Presidência do CNJ com atuação no DMF, Jônatas dos Santos Andrade lembra que o acesso à leitura foi um tema abordado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em julgamento que reconheceu o estado de coisas inconstitucional nas prisões brasileiras. “O direito ao livro e à leitura estão no rol dos direitos fundamentais. A leitura não apenas enriquece intelectualmente, mas também pode ser um instrumento poderoso para a ressocialização.”
O presidente do Observatório do Livro e da Leitura, Galeno Amorim, destaca os benefícios de um evento nacional em parceria com o CNJ. “Essas jornadas estimulam e apoiam uma melhor formação e qualificação de quem já atua e, sobretudo, de quem pretende atuar com projetos de fomento às práticas sociais de leitura no cárcere”.
Leitura como ferramenta de transformação
A Jornada terá três dias de painéis e debates sobre a leitura como ferramenta de transformação social, com apresentação de boas práticas no tema e saraus literários, além de momentos formativos sobre como criar clubes de leitura e reflexões sobre a importância dos livros no enfrentamento às intolerâncias e aos preconceitos. Terá a participação de autores, especialistas, magistradas e magistrados, pessoas egressas e privadas de liberdade, profissionais da administração penitenciária, educadores e voluntários. Ao final de cada dia será realizado um sarau com a participação de pessoas privadas de liberdade partilhando suas leituras e obras.
Rodrigo Sabiá, egresso do sistema prisional e fundador do projeto Reciclando Vidas, conta como a leitura contribuiu para a transformação da sua realidade. “Como egresso, sei melhor que ninguém da importância desse projeto. Fui ler o meu primeiro livro dentro da cela de uma prisão. Esse livro abriu portas para que eu pudesse ler muitos outros. E a partir daí, construir a minha história. Hoje eu estou aqui como testemunha viva da importância da leitura no cárcere. Isso abre portas e traz conhecimento”.
Sagat B, rapper e autor do livro “O Bandido que Virou Artista”, também vocaliza a importância da leitura no processo de ressocialização. “Participar dessa Jornada é uma imensa honra para mim, pois a leitura no cárcere foi fundamental para minha ressocialização. A leitura salvou minha vida”.
Mestre em Direito e coordenadora do Núcleo Intercomissões de Inspeções Prisionais da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Claudia Aratangy participa do painel de debates sobre o funcionamento da remição de pena pela leitura e ressalta o avanço da adesão à Resolução CNJ n. 391/2021. “Houve um aumento gradativo da quantidade de normativas que contam com algum tipo de instrumento jurídico ou projeto relacionado à remição. Eventos como a Jornada desempenham um papel crucial ao proporcionar discussões que visam superar resistências nas unidades prisionais, secretarias de administração judiciária, juízos de execução, no legislativo e na sociedade civil, permitindo que a remição alcance um público cada vez mais amplo”.
4ª Jornada de Leitura no Cárcere
Data: 22 a 24 de novembro
Horário: das 14h às 16h30
Onde: transmissão ao vivo pelo YouTube do CNJ
Transmissão da 4ª Jornada da Leitura no Cárcere – Dia 1: 22/11/2023
Transmissão da 4ª Jornada da Leitura no Cárcere – Dia 2: 23/11/2023
Transmissão da 4ª Jornada da Leitura no Cárcere – Dia 3: 24/11/2023
Texto: Natasha Cruz
Edição: Débora Zampier e Nataly Costa
Agência CNJ de Notícias
The post 4ª Jornada de Leitura no Cárcere começa quarta (22/11) com transmissão aberta ao público appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
12 DE DEZEMBRO DE 2023
Webinário: CNJ abre com debates a I Semana Nacional da Regularização Tributária
“O Poder Judiciário não pode ser considerado uma instância de recuperação de crédito. É preciso que a...
Anoreg RS
12 DE DEZEMBRO DE 2023
Validade de execução extrajudicial em contratos do SFI garante segurança jurídica
Validade de execução extrajudicial em contratos do SFI garante segurança jurídica
Anoreg RS
12 DE DEZEMBRO DE 2023
Provimento nº 44/2023-CGJ acrescenta parágrafos ao CNNR sobre Mediação e Conciliação
Provimento nº 44/2023-CGJ acrescenta parágrafos ao CNNR sobre Mediação e Conciliação
Anoreg RS
12 DE DEZEMBRO DE 2023
Pesquisa Pronta do STJ destaca contribuição social para titulares de cartório e regulamentação de compensação tributária
Pesquisa Pronta do STJ destaca contribuição social para titulares de cartório e regulamentação de compensação...
Portal CNJ
12 DE DEZEMBRO DE 2023
Em cerimônia no STF, projeto contra LGBTFobia recebe Prêmio Innovare na categoria CNJ
O projeto “LGBTFobia não é opinião: é crime”, do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), foi um dos...